O FALSO-POSITIVO

Ao mesmo tempo em que o medo aprisiona, junto vem outro sentimento/sensação.
O falso-positivo da felicidade: a substituição.
Cada um substitui aquilo que lhe incomoda pelo que mais lhe agrada. Cigarros, bebidas, puladas de cerca, e no meu caso: comida. 
Diariamente, eu penso nisso: "não, eu não estou com fome para comer", "eu não estou com vontade de comer", "não aguento comer mais nada, mas...". Penso constantemente em como me auto-saboto, no que eu poderia melhorar e porquê eu não me animo. Já fui bem magrinha e bem gordinha, de ponta-a-ponta dos extremos. 
Às vezes a comida vem para preencher um vazio solitário, para fazer companhia em um momento constrangedor (mesmo que só eu sinta isso), para acalmar após a tempestade, ou para me tirar de mim e focar em outra situação. A felicidade é temporária, mas as consequências são longas. Não relato sobre as calças que ficaram para trás e nem as roupas que delineavam o corpo, lembro mais dos sorrisos sinceros e da estima para cima. A luta sociedade x balança x aceitar o corpo como é, simplesmente é uma batalha em que ninguém vence. Nem a sociedade com o seu modo imperativo da busca incansável da beleza, a balança que me mostra a verdade, ou o desafio de querer gostar como se é. 
A queimação no estômago e o refluxo avisam "tome cuidado", mas aquele breve momento de comilança com a mente longe de tudo e de todos ignora o aviso do corpo. 
A paz, longe de tudo e de todos. 

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